quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Presença Desconsertante


(...) Não importa se ela não o vê desde o ano passado. Não importa se ela nem estava lembrando de sua existência.É assim cada vez que ele põe os pés no mesmo ambiente. Ela sabe que ele está ali. Ela sente sua presença. Ela simplesmente olha em volta e – bingo! – lá está ele. E depois que ele se vai a recordação de sua presença permanece com ela por um bom tempo. Uma das últimas vezes em que aconteceu ela tentou ignorá-lo (afinal ele nem fazia mais parte de sua caixinha de possibilidades).
Ela percebeu sua presença enquanto dançava. De fato, ele estava ali e a fitava. Em outro momento ela o viu através do vidro do restaurante. Ele passava altivo, gesticulava e sorria, falando com alguém. Enquanto a imagem real dele desaparecia na parede branca, sua imagem mental já ficava gravada na mente dela. E como custava a sair! Era como aquele cheiro bom que a gente tem gravado na nossa memória olfativa (cheiro do bolo da vó saindo quentinho do forno; cheiro de um café fresquinho; de um vinho apreciado; cheiro de livro novo; cheiro de lençol e travesseiros limpos; cheiro do corpo da pessoa amada). Mas, de ordinário, a vida segue seu curso... o tempo passa. Ela tem a sensação de que será sempre assim... Ele será sempre aquela presença desconsertante. Como um vento breve e repentino, que despenteia e desalinha. Como aquele cheiro bom que de vez em quando a memória se encarrega de trazer à tona no meio de uma tarde morna para dar ao coração uma centelhazinha de felicidade.
(...)

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