quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Escrever, a que será que se destina?

Considerando a necessidade comunicativa dos seres humanos por meio da fala, a escrita se consolida como uma das maneiras de expressão dos sentimentos, das ideias e das opiniões de modo sistemático, organizado e intencional.

A fala em si, como modalidade de expressão, possui recursos próprios que a tornam um eficiente meio de comunicação, entre os quais os gestos e expressões faciais, facilmente perceptíveis ao interlocutor.
A escrita, entretanto, requer um apurado trabalho de seleção vocabular, um criterioso e apurado exercício de combinações de símbolos, palavras e sinais gráficos que lhe confiram a credibilidade e a efetividade comunicativa.
A popular expressão ‘falar é fácil’ ganha nova força se compararmos o ato de falar ao ato de escrever. Assim, é possível afirmar o seguinte: falar é fácil; escrever é algo bem mais complexo.
Para alguns escritores escrever é mais que um hábito, é uma necessidade. E como necessidade que é precisa ser satisfeita e abrandada regularmente. É algo como ter sede ou fome. Torna-se uma necessidade vital.
Bons livros e bons escritores marcam indelevelmente as mentes e os corações das pessoas em qualquer parte do mundo, tamanho o poder da palavra escrita. Poemas apresentam força suficiente para comover profundamente um leitor desavisado. Palavras podem seduzir, convencer, arrebatar e laçar definitivamente as pessoas.
A escrita como resultado da satisfação de uma necessidade humana transforma-se por vezes em bálsamo, acalanto, conformação e cura; por outras vezes, porém, pode ser motivo de inquietação, desordem, provocação ou fúria. Pode conduzir ao riso ou ao pranto. Pode descrever a morte, mas pode celebrar a vida.
E o questionamento permanece: Escrever, a que será que se destina?
Talvez se destine a manter pulsante a vida que habita cada ser humano, para dar conta das coisas que não podem ser expressas em palavras jogadas ao vento, mas que estarão eternizadas ao serem escritas, registradas, organizadas, combinadas, selecionadas, calculadas, intencionalmente arranjadas.
Escrever é um regozijo, uma alegria. É uma ânsia e um alívio. É um ato de liberdade maior. É o esvaziamento do ser em constante atividade de erupção das ideias incandescentes e maravilhosamente fecundas que habitam a alma humana.
A cada frase, a cada parágrafo, a cada página escrita, fragmentos de alma são deixados nas palavras, nas estórias, nas tramas, nos enredos, nas epopéias, nas densas, complexas e extraordinárias criações que são concebidas ao longo da história humana e que se transformam em um legado de valor incalculável.
Com a escrita a vida continua sendo revelada, desvelada, recriada, reinventada. E a história humana nunca se repete e é revolucionada.
Cabe ao escritor reinventar a vida a cada novo texto. Compete ao escritor dar nova cor ao cinza da rotina e do costumeiro.
Escrever é a arte pintar com novas e estonteantes cores as paredes da história humana. Por meio de suas pinceladas vigorosas e mágicas, o escritor muda o rumo dos fatos e revoluciona a vida. Subverte a lógica e insere no contexto monótono dos dias comuns as maravilhas dos contos de fadas e das fábulas. Torna possível o irreal e realiza o impossível.
Escrever é um milagre.

by M@riBlue.



terça-feira, 30 de outubro de 2012

Quem disse que o povo não gosta de arte?!

Recentemente li uma matéria sobre a relação entre o contato com a arte e o altruísmo. A pesquisa foi realizada pela Universidade de Illinois e trouxe o seguinte resultado: pessoas que se interessam por arte são mais gentis, fazem mais boas ações e tem responsabilidade social.


De modo geral, acredito que o interesse do povo pela arte é diretamente proporcional à sua possibilidade de acesso à arte.

Para ilustrar isso de maneira bem contundente citarei a exposição das telas de Caravaggio realizada no Palácio do Planalto no período de 06 a 14 de outubro de 2012.

Foram apenas seis obras do artista michelangelo Merisi di Caravaggio mas que levaram uma pequena multidão de apreciadores ao Palácio: mais de 13 mil pessoas passaram por lá para admirar a expressiva arte do consagrado pintor barroco.

As palavras da Presidenta Dilma na ocasião reforçam a importância da exposição e o interesse do povo pela arte: "É um encantamento poder permitir que milhares de brasilienses que nasceram aqui ou que visitam essa cidade tenham acesso a essas seis obras de arte". (As seis pinturas expostas em Brasília foram San Girolamo che Scrive; San Francesco in Meditazione; Ritratto di Cardinale; San Giovanni battista che Nutre l'Angello; Medusa Murtola e San Gennaro Decollatto o Sant'Agapito).

Retomando a fala inicial a respeito da pesquisa sobre apreciar arte e ser mais gentil, fico imaginando se o povo, de modo geral, tivesse mais acesso à arte, isso desde a mais tenra infância, em casa e na escola; fico imaginando se o altruísmo se refletiria nas ruas e se as relações interpessoais seriam menos truculentas e violentas...

Será???

Mais notícias sobre a exposição de Caravaggio:
(as imagens foram extraídas dos respectivos links):